Vocação de pedintes<br> e vontade de ser penduricalhos
Rezou a Comunicação Social ter o PR afirmado, durante a sua visita à Índia, que Portugal - quer dizer a elite portuguesa, nomeadamente a elite empresarial - chegou atrasado àquele país. Se é que chegou ou está para chegar - acrescenta este céptico. Vão longe os tempos dos Gamas, dos Almeidas e dos Albuquerques, o tempo da descoberta «para os europeus» do caminho marítimo para a Índia. E do que se seguiu. Como longe vão também os tempos dos Cabrais. Isto mesmo pensarão os mais saudosos dos nacionalistas, presos ao mais fundo e tenebroso de uma «portuguesa» apagada e vil tristeza. Aliás, estes são o contraponto dos europeístas do nosso país, os quais, para além de estarem ofuscados pelas luzes do sua Europa e do seu Ocidente, para além de servilmente nada mais esperarem, ou quererem, que migalhas dos deuses bruxelenses, para além de, claro, com desespero se agarrarem a compromissos assumidos com leviandade para conseguirem estar no Euro - no famoso pelotão da frente -, digo, para além de tudo, passam a vida a fazer de penduricalhos de todo um entrevisto brilho e a oferecerem-se para intermediários, neste caso agora, entre a Índia e Angola em termos de petróleo - eh pá, talvez consigamos convencer aqueles pretos de que não sabem mesmo é governar-se!
Mas, por mais que o PR incite os «nossos» empresários a fazerem como os portugueses dos tempos dos Descobrimentos, dos tempos da Expansão, creio que este esforço não terá o efeito desejado. Ao tempo, esta avançada portuguesa funcionou porque a organização do conjunto do empreendimento esteve a cargo de uma entidade estatal ou, no mínimo, para-estatal, com o poder e empenhamento efectivo dos seus dirigentes ao mais alto nível. Além disso, Portugal era o primeiro - quase a solo - no empreendimento «atlântico», enquanto hoje, na «globalização», está atrás dos muitos outros «ocidentais» - incluindo nestes, para além dos europeus, americanos, japoneses, etc - que a vão procurando cavalgar. Com efeito, nos tempos da Expansão lusa, a Europa de então ia, cultivava as suas ligações ao Oriente, via Mediterrâneo e Próximo Oriente. Génova e Veneza eram centros de grande importância, o Islão lá estava de permeio. Hoje, sobretudo desde que é «europeu», o nosso país, a sua elite, de certo modo, encontra-se em permanente estado de espera que o ajudem, que o empurrem, sempre á espera de ir a reboque integração num grupo «importante». E não será nem apenas nem sobretudo através da conversa influenciadora vinda da mais alta magistratura do nosso Estado que esta situação se alterará. Seria fácil, bastaria agitar a varinha de condão e a mãozinha invisível lá faria o seu trabalho a favor dos «nossos empresários». De qualquer fora, aparte o estranhíssimo doutoramento em literatura - estão a brincar cá com o pagode? - na Universidade de Goa do Prof. Cavaco Silva, a iniciativa da Presidência da República terá estimulado a reflexão do nosso Povo sobre matéria tão importante como é o papel da Índia no Mundo. Para além da China, e do Vietname, etc, o Terceiro Mundo, mais recentemente chamado o Sul, o «Ocidente» está com dificuldades crescentes para lidar com tais desgraçadinhos que de si próprios não saberiam tratar…
Para mais a China e agora também a Índia formam anualmente, cada uma delas, centenas de milhares nas áreas das «engenharias», enquanto os EUA não passam de uns meros 70 mil - por isso, terão de «importar» (não é assim?) tantos «cérebros», e não apenas «brancos», «europeus», «caucasianos», que estes não tantos assim; os numerosos indianos, e também, em parte, chineses, são identificáveis à vista desarmada nos EUA. Esta realidade gerou um grande debate nos EUA sobre o assunto, um debate com laivos de muito susto. Recuperando, aos poucos, do murro na barriga, lá vão conseguindo dizer que são só 70 mil mas são bons, são melhores que os formados indianos e chineses. Que muito dos deles estudam só três anos enquanto nos EUA se estuda quatro anos - não são obrigados a «Bolonha»-, etc. De qualquer forma, mesmo que assim seja, a situação é preocupante atendendo aos atrasos e às pobrezas desses países, que são tão referidas. Os EUA, a maior potência mundial já a ser confrontada por países pobres no campo da C&T?
E a elite portuguesa? Tendo dificuldade em entender estas mudanças, vai continuando naquela doce perspectiva do pelotão da frente do Euro, esgotados mas lá conseguiram mais um maná de euros nos próximos anos; e lá se vão oferecendo para tentar uns rodriguinhos…
Mas, por mais que o PR incite os «nossos» empresários a fazerem como os portugueses dos tempos dos Descobrimentos, dos tempos da Expansão, creio que este esforço não terá o efeito desejado. Ao tempo, esta avançada portuguesa funcionou porque a organização do conjunto do empreendimento esteve a cargo de uma entidade estatal ou, no mínimo, para-estatal, com o poder e empenhamento efectivo dos seus dirigentes ao mais alto nível. Além disso, Portugal era o primeiro - quase a solo - no empreendimento «atlântico», enquanto hoje, na «globalização», está atrás dos muitos outros «ocidentais» - incluindo nestes, para além dos europeus, americanos, japoneses, etc - que a vão procurando cavalgar. Com efeito, nos tempos da Expansão lusa, a Europa de então ia, cultivava as suas ligações ao Oriente, via Mediterrâneo e Próximo Oriente. Génova e Veneza eram centros de grande importância, o Islão lá estava de permeio. Hoje, sobretudo desde que é «europeu», o nosso país, a sua elite, de certo modo, encontra-se em permanente estado de espera que o ajudem, que o empurrem, sempre á espera de ir a reboque integração num grupo «importante». E não será nem apenas nem sobretudo através da conversa influenciadora vinda da mais alta magistratura do nosso Estado que esta situação se alterará. Seria fácil, bastaria agitar a varinha de condão e a mãozinha invisível lá faria o seu trabalho a favor dos «nossos empresários». De qualquer fora, aparte o estranhíssimo doutoramento em literatura - estão a brincar cá com o pagode? - na Universidade de Goa do Prof. Cavaco Silva, a iniciativa da Presidência da República terá estimulado a reflexão do nosso Povo sobre matéria tão importante como é o papel da Índia no Mundo. Para além da China, e do Vietname, etc, o Terceiro Mundo, mais recentemente chamado o Sul, o «Ocidente» está com dificuldades crescentes para lidar com tais desgraçadinhos que de si próprios não saberiam tratar…
Para mais a China e agora também a Índia formam anualmente, cada uma delas, centenas de milhares nas áreas das «engenharias», enquanto os EUA não passam de uns meros 70 mil - por isso, terão de «importar» (não é assim?) tantos «cérebros», e não apenas «brancos», «europeus», «caucasianos», que estes não tantos assim; os numerosos indianos, e também, em parte, chineses, são identificáveis à vista desarmada nos EUA. Esta realidade gerou um grande debate nos EUA sobre o assunto, um debate com laivos de muito susto. Recuperando, aos poucos, do murro na barriga, lá vão conseguindo dizer que são só 70 mil mas são bons, são melhores que os formados indianos e chineses. Que muito dos deles estudam só três anos enquanto nos EUA se estuda quatro anos - não são obrigados a «Bolonha»-, etc. De qualquer forma, mesmo que assim seja, a situação é preocupante atendendo aos atrasos e às pobrezas desses países, que são tão referidas. Os EUA, a maior potência mundial já a ser confrontada por países pobres no campo da C&T?
E a elite portuguesa? Tendo dificuldade em entender estas mudanças, vai continuando naquela doce perspectiva do pelotão da frente do Euro, esgotados mas lá conseguiram mais um maná de euros nos próximos anos; e lá se vão oferecendo para tentar uns rodriguinhos…